Dark and Stormy

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Se falei anteriormente em começar a ficar frio, foi porque, pobre incauta, não sabia o que me esperava. Suponho que já todos tenham visto as notícias da neve aqui no estado. Bem, eu ainda não vi neve na cidade, mas certamente as temperaturas estão muito mais baixas. Agora andamos pelos graus negativos com uma temperatura máxima ainda negativa ou muito próxima do zero. Felizmente só tenho que caminhar 5 minutos de casa até ao trabalho. Mas nesses cinco minutos já há tempo para apanhar com o vento gelado que entra por todo o lado e temer que as orelhas caiam. Parar no único semáforo do caminho é uma tortura e consigo reparar que existe uma relação linear entre o frio e o número de pessoas que se atrevem a arriscar a vida atravessando no vermelho. E já vi na rua pessoas com casacos até aos pés, gorros e um cachecol embrulhado de tal maneira que cobre pescoço, queixo e quase nariz, com o vento a fazer voar as pontas soltas com força. Instantâneamente me fazem lembrar 'Um conto de natal' e sinto vontade de uma lareira e uma camisola grossa com uma rena. Os interiores são tão aquecidos que é preciso tirar de imediato casacos, camisolas e acessórios, correndo risco de asfixia. Se logo a seguir experimentar tocar no casaco está frio como se em vez de o ter vestido, o tivesse acabado de tirar do frigorífico. Apenas tenho a acrescentar que quando ouves as pessoas no elevador a falarem de ter que sair da cidade antes de determinada hora por causa da tempestade que aí vem, e recebes ainda por cima vários emails institucionais com medidas de prevenção e a referirem a equipa de emergência (Emergency Management Operations Team), começas a ficar ligeiramente preocupada. Essa preocupação aumenta um bocado quando um dos conselhos é fechar bem todas as janelas e a janela do teu quarto tem uma folga enorme que a equipa de manutenção do edifício tapou com esponja... E depois lembras-te que moras no vigésimo sexto andar, virada para o rio. Suponho que seja tudo tão americanamente alarmista como os cartazes e emails sobre o ébola que desde este setembro andam a proliferar.







Um destes dias suportei o frio para ir comer sushi e sopa de miso (isto ainda antes de ter comprado todos os ingredientes para fazer sopa de miso caseira durante um período que me apercebi depois que será aproximadamente igual a dois anos, o que, tendo em conta que já me fartei esta semana da sopa, se poderá estender...) e passear pelo central park. O frio impediu-me de andar calmamente e apreciar a paisagem repleta de pessoas ou o som das conversas animadas e dos passos na folhagem. Nem no central park há muito sossego. Não admira que até os patos desta cidade sejam sociais e estejam habituados à confusão, sem se deixarem intimidar pela proximidade das pessoas.
Já perfeitamente preparada para o frio, decidi enfrentar agora a confusão para ir espreitar as luzes de natal. Confesso que estava à espera de ficar mais impressionada. Mas especulo que mais perto do natal poderei apreciar a beleza e o poder de uma decoração de natal como deve ter uma cidade onde nunca está escuro, nem nunca tens silêncio.





Mas a maior notícia que tenho é que se aproxima a época festiva preferida de todos os americanos, o thanksgiving e já tive um convite para apreciar uma autêntica ceia acompanhada de alguns sotaques fortes do sul (e mais comida do que aquela que alguma vez vi, fui avisada. Irei comparar com as nossas festas familiares, especialmente aquelas em que a minha tia decide que é essencial haver uma sobremesa por cabeça.). Mas no laboratório a maior felicidade é não haver lab meeting esta semana em honra da ocasião festiva. Já na semana passada os chefes foram para um congresso, e como bons subordinados, fomos todos ao cinema na quarta de manhã. Escusado será dizer que saímos da sala de cinema a sentir que realmente o lab meeting é a melhor maneira de passar as quartas de manhã. Principalmente se for a tua vez de apresentar. 
Espero dar notícias ainda esta semana, se o tempo ajudar e não tiver padecido de alguma doença causada por ingestão alimentar excessiva.

AndreiaB

I became insane, with long intervals of horrible sanity.

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