How are things on the west coast?
Temo ter deixado este blog de tal maneira ao abandono, que tenho demasiado para contar, e muito pouco jeito para o fazer. Numa espécie de resumo atrapalhado, nestas semanas recebi a minha primeira visita (que não deixou de me trazer café do nosso cantinho atlântico e até bolachas triunfo), mobilei o meu quarto, andei a fazer turismo (incluo aqui a subcategoria turismo gastronómico, e posso subdividir ainda em fast food, entrega ao domicílio e cozinha do mundo; não confundindo a entrega ser geralmente feita por minorias étnicas com a cozinha do mundo), fui a uma parade, fui até ao Bronx e sobrevivi para vos contar, fui a uma festa de lançamento de uma marca de computadores e até fiz a minha primeira jack-o'-lantern de halloween. Não é de admirar que alguns dos neurónios das minhas culturas destas semanas tenham começado a morrer...
Começando pelo meu quarto, que tinha demasiado espaço livre. Acrescentei-lhe um sofá, uns tapetes, uma estante, umas mesinhas e muita luz.
E para quem tiver reparado, sim, tenho lençóis dos patinhos.
Tendo por exemplo o evento da hendrick's decidi ir à festa de lançamento da alienware, que prometia comida, bebida, um DJ e a oportunidade de experimentar os novos computadores, claro. Estive quase para desistir quando vi que a fila percorria um quarteirão e avançava uns míseros 30 metros por cada quinze minutos. Acabei por aguentar estoicamente cerca de uma hora e entrei naquilo que parecia uma discoteca. Deram-me uma pulseira que brilhava com várias cores e me dava a oportunidade de participar no sorteio de dois computadores. O bar era tudo o que prometia, aberto toda a noite com vários cocktails à escolha. Comida, não a vi. Reparei que havia muitas pessoas com desenhos fluorescentes na cara e fui para a fila para me maquilharem. Acabei com um alien azul na bochecha esquerda e uma espécie de circuito na testa do lado direito. Sendo caucasiana, e especialmente mulher, estava em minoria. Foi aí que realizaram o primeiro sorteio, do novo portátil da alienware. Iam desligar todas as pulseiras menos uma e o vencedor foi questionado o que iria fazer com o novo portátil, pergunta que se revelou estranhamente difícil de responder, visto que ele não jogava no pc e até a palavra steam lhe era desconhecida. Suponho que abrir uma festa ao público com bebidas grátis a noite toda não seja propriamente uma boa maneira de seleccionar o público alvo (eu incluída nesta crítica, apesar de certamente ir fazer melhor figura, tivesse eu ganho e não ele). Decidi aí que faltavam os computadores, não tinha ido ali para ir a uma discoteca (apesar de poder parecer essa a minha maior motivação). Descobri que havia um segundo piso, e aí sim, estavam os computadores todos e pessoas a jogar. Estive bastante tempo a ver algumas pessoas a jogar evolve, alone in the dark e borderlands. Entretanto uma animadora semi-nua com o corpo completamente pintado com padrões de tinta fluorescente veio oferecer-me um tubo de ensaio que brilhava com a luz negra com o que cheirava a tequila. Deitei o conteúdo ao lixo e guardei o tubo para trazer para casa, dado o meu fascínio por objectos brilhantes. Fiquei só à espera do segundo sorteio, do novo area-51, um computador com um design excêntrico. Não fui a sortuda contemplada. Mas, para ironia do destino, o vencedor foi um rapaz que meteu conversa comigo na fila para a pintura. Digamos que estava embriagado, não jogava computador, disse-me que estava a pensar ir embora, e fez ainda pior figura lá em cima no palco do que o primeiro. Bem, depois daquilo restou-me ir para casa de metro com a cara toda pintada. Habituados a estas estranhezas e loucuras, ninguém olhou duas vezes para mim, nem sequer para um bêbedo no metro que tossia de boca aberta e afirmava ter ébola e estar a contaminar toda a gente. Uma das maiores regras de NY que depressa aprendi, e disso ainda irei falar mais à frente: evitar contacto ocular. Também não estranhei que chegada a casa e tendo ido buscar uma encomenda ao porteiro, este tenha ficado mais espantado com o meu apelido do que com as minhas pinturas "Batista? Where are you from?". Nem uma pergunta sobre o alien.
Passando de uma festa para outra, e não querendo com isto dizer que não trabalho, vou falar-vos do Halloween. Aqui mascarar-se não é só para crianças, nem se cinge apenas ao tema do terror. Antes de mais vamos criar ambiente (carreguem aqui). Quando estive a escolher o meu fato reparei que aqui todas as lojas têm, para além das secções homem, mulher e criança, uma secção sexy. E esta secção é tão ou mais extensa que a mulher. Existe o fato de enfermeira (que já vem com saia acima do joelho e decote) e o fato de enfermeira sexy (com menos tecido substancialmente); o fato de tubarão e o fato de tubarão sexy; fato de índia e índia sexy; chegando a coisas tão disparatadas como "sexy darth vader", "sexy princess leia slave costume", ou mesmo coisas como a imagem abaixo...
Comprei um fato de criança. Como ia com o casaco por cima, não recrimino quem à primeira vista me viu com a câmara fotográfica e achou que eu estava mascarada de fotógrafa (ainda assim tinha a mochila enorme de plástico que tive que insuflar, :cof cof:, perdão, proton pack). E foi mais do que uma pessoa. Nota-se que muita gente tem bastante cuidado a planear o disfarce e a vestir-se. No metro vi um homem vestido de unicórnio, com boxers rosa brilhantes com uma cauda rosa acoplada, uma t-shirt de manga caviada rosa, cara pintada de rosa, peruca cor-de-rosa, uma bandolete com um corno branco na testa, luvas e até unhas cor-de-rosa e umas botas peludas e fofas de várias cores, onde, novamente, predominava o rosa. Sem dúvida o que mais ansiava da noite era fazer a minha primeira lanterna de halloween. Acho que as fotos falam por si, mas acabou por ser ao mesmo tempo mais fácil e mais demorado do que o que esperava. No final ficamos bastante contentes com o resultado.
A festa foi na casa de uma das minhas colegas de laboratório e se repararem na primeira foto podem ver um rato que ela roubou/salvou do biotério.
Deixo tudo o resto para futuros posts, que espero manter com maior regularidade do que estas passadas semanas. Assim em jeito de P.S., também gostava de ter algumas notícias daí do oeste peninsular.
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